“Contra Marcião” (ou “Adversus Marcionem”, em latim), escrita por Tertuliano em cerca de 208, é uma das mais antigas e importantes obras de defesa de uma concepção do cristianismo que acabaria se firmando historicamente como ortodoxia religiosa. Seu objetivo principal era o de se opor às ideias e ao sistema teológico propostos por Marcião, um importante líder religioso e fundador de uma concepção específica das ideias de Jesus, que ficou conhecida como marcionismo. “Contra Marcião” é uma obra essencial para o entendimento de algumas das controvérsias teológicas e doutrinárias na transição para o século III. Através desse tratado, Tertuliano deixa um legado duradouro de pensamento teológico e apologético sobre o cristianismo nascente.
A obra está dividida em cinco livros e aborda diversos aspectos da teologia e da fé cristã. Tertuliano confronta as ideias de Marcião sobre Deus, Cristo, a salvação e a relação entre o Antigo e o Novo Testamento. Ele argumenta vigorosamente em defesa da unidade entre o Deus do Antigo Testamento e o Deus revelado em Jesus Cristo.
Tertuliano contesta as visões dualistas de Marcião, que separavam o Deus do Antigo Testamento, considerado vingativo e injusto, do Deus do Novo Testamento, apresentado como amoroso e misericordioso. Ele rejeita essa divisão e enfatiza a continuidade e a unidade entre as duas partes da Bíblia, defendendo a ideia de um único Deus, justo e amoroso, que se revela plenamente em Jesus Cristo.
Além disso, Tertuliano critica as práticas e a ética moral dos seguidores de Marcião, argumentando que não estariam em conformidade com o verdadeiro ensinamento de Cristo e dos apóstolos.
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