De todas as variedades de grego, em geral as mais relevantes para um estudante não-nativo são o Grego Moderno e o Grego Antigo (e/ou Koiné), sendo estas, por isso mesmo, as variedades sobre as quais mais se encontram materiais de estudo e recursos relacionados, dando origem a uma dicotomia Antigo×Moderno que, apesar de prática, não passa de uma hipersimplificação minimalista da realidade linguística grega. Seja como for, na prática costuma-se usar a expressão "Grego Antigo" para se referir aos períodos históricos, em especial do período Antigo propriamente dito até o período Bizantino, ao passo que "Grego Moderno" se refere à língua usada atualmente na Grécia.
E aí nos deparamos com uma questão polêmica: "Grego Antigo" e "Grego Moderno" são duas línguas distintas, ou apenas duas variedades de uma mesma língua?
Como sempre acontece com questões desse tipo, não há uma solução ou resposta simples ou definitiva, pelo simples fato de se tratar de algo subjetivo. Por exemplo, para uma pessoa nascida na Grécia, falante nativa da variedade atual da língua grega, faz sentido ver no Grego Antigo apenas uma variação ou uma forma arcaica de sua língua, seja por uma questão de identidade cultural, que o faz enxergar uma continuidade milenar, seja por uma simples questão de familiaridade com a língua antiga, por meio do contato, ainda que sutil, com as obras escritas na antiguidade. Por outro lado, um estrangeiro estudioso da Ilíada e da Odisseia, fluente em Grego Homérico, que vá passar as férias na Grécia, vai descobrir que será muito difícil, se não impossível, se comunicar com os nativos usando a língua antiga que ele passou tanto tempo aprendendo. Da mesma maneira, um estrangeiro que aprenda o Grego Moderno por exigências profissionais, por exemplo, dificilmente conseguirá entender mais que algumas palavras soltas ao tentar ler um texto escrito na Antiguidade.
Aqui não temos a pretensão de responder ou resolver esta questão. Entendemos que a resposta será sempre subjetiva, dependendo de vários fatores, como p. ex. como cada um define o que é uma "língua". Porém, ao estudarmos um assunto, precisamos escolher uma perspectiva com a qual possamos nos orientar, mantendo tanta consistência quanto possível para que o trabalho não se torne um caos. Assim, partindo do ponto-de-vista de um estudante estrangeiro - ou seja, que não seja falante nativo da língua grega - , entendemos que as variedades coletivamente conhecidas como "Grego Antigo" e a variedade conhecida como "Grego Moderno" são, efetivamente, duas línguas distintas, uma vez que cada uma tem sua própria fonologia, sua própria prosódia, seu próprio vocabulário e sua própria gramática. Como respaldo, lembramos de um caso muito próximo: ainda que o Italiano moderno seja claramente uma versão moderna do Latim, não se questiona que sejam duas línguas distintas.
Dito isto, é importante salientar que o objetivo deste trabalho não é convencer a quem quer que seja de que o nosso ponto-de-vista é "o certo": se, por um lado, a questão "línguas diferentes × variedades da mesma língua" é subjetiva e não admite solução definitiva, por outro lado as diferenças entre as duas são incontestáveis, podendo ser verificadas por qualquer pessoa que se dedique a compará-las. Portanto, o objetivo deste trabalho é trazer a parte objetiva, concreta, real, indiscutível, que são as características peculiares da língua grega, em sua forma antiga e em sua forma moderna, para que o estudante interessado possa melhor compreender o assunto e, caso deseje prosseguir no estudo dos dois idiomas, tenha uma espécie de mapa ou guia para iniciar sua jornada.
Há que se notar ainda que esta não é uma gramática completa, seja do Grego Antigo, seja do Grego Moderno. O que trazemos aqui é uma comparação entre as duas línguas (ou, dependendo do ponto-de-vista, entre os dois estágios da língua).
Número de páginas | 108 |
Edição | 1 (2023) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Português |
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