Adolescentes em interface com a Sociedade de Consumo

A pesquisa foi realizada de acordo com a Linha de Pesquisa: Constituição do Sujeito no

Contexto Escolar e objetivou investigar como se dá a escolha e a aquisição, pelos

adolescentes do gênero masculino e feminino, dos bens de consumo relacionados ao material

escolar, exceto os livros didáticos. Como objetivo secundário, pretendeu-se compreender os

significados destes bens para os adolescentes, e as estratégias que utilizam para conseguir o

que desejam, assim como conhecer quais as implicações do consumo destes materiais à

construção de sua subjetividade/identidade. Partindo do pressuposto de que as transformações

sociais ocorridas nas últimas décadas do século XX e no início do século XXI interferem na

constituição da subjetividade humana, a pesquisa teve uma abordagem qualitativa e

compreensiva. A coleta de dados se deu por meio da aplicação de uma entrevista com 16

adolescentes que cursam a 1ª e 2ª séries do Ensino Médio, e foi realizada no ambiente

escolar, em escola pública e escola privada, em um município do interior do estado de São

Paulo. Posteriormente foi realizada a análise de conteúdo cujas categorias foram criadas a

partir da transcrição e leitura das respostas dos alunos. A discussão dos resultados teve como

embasamento teórico, Zygmunt Bauman e Fisher. Nas análises das entrevistas foi possível

verificar que a escolha do material escolar se dá, principalmente, por meio do poder aquisitivo

e pela necessidade da distinção perante o grupo. Com a pesquisa foi possível evidenciar,

também, que essa aquisição, ou não, do objeto influi na constituição da

subjetividade/identidade do sujeito. É na escola que se observa a reprodução da estratificação

por meio do poder aquisitivo, é na escola onde se inicia a exclusão e/ou marginalização

material, por meio das relações estabelecidas entre os indivíduos e o bem consumido, que, no

caso desta pesquisa, é o material escolar. Possuir o bem distinto dá notoriedade ao sujeito,

projetando-o e concedendo-lhe o direito de pertencimento no grupo. A construção desta

identidade se pauta na cultura materialista, o sujeito cede ao apelo midiático respondendo aos

padrões de consumo da sociedade contemporânea, comportamento que uniformiza o estilo de

vida.