Cedi à tara das quinhentas páginas, agora não mais pela premência de encaixotar o que se perdia em cadernos amarelados. Eis o meu florilégio, por onde eu me fiz arrancando os cabelos. Nada que substitua a delícia de ir a cada canteiro, pois neste pobre universo de cantos tão obscuros, certas ilhas despontaram com solos de riquíssimos nutrientes, e rosas azuis exalam fragrâncias de noites macias, gemidos de deusas em leves luares. Sim, há o que se pode pôr em elegante vaso sobre a mesa de jantar, o que se pode tecer coroas e guirlandas, produzir os mais sofisticados perfumes... Há o que se pode dar simplesmente um toque a requintados pratos, preencher os vãos do corpo numa urna, secar solitária numa lápide, colocar nos pés de um santo... Há o que se pode morder para uma morte instantânea, e vingar qualquer desprezo do mundo. Há com o que se pode virar dias a fio, apenas no silêncio de uma leitura. Esqueça qualquer compromisso agreste, subtraia os olhos do horizonte, cale por hora a sua necessidade e entre neste hangar infinito. Esqueça o que não é uma pluma ao vento, palavras apenas que te cairão nos ouvidos. Coma este livro como uma colher de mel que te oferece o desejo.
Número de páginas | 696 |
Edição | 1 (2018) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Português |
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