O livro tem como objetivo apresentar uma síntese da questão do preconceito racial contra os negros no Brasil. Com base nessa síntese, procuramos refletir sobre as raízes do preconceito racial bem como sobre as suas especificidades na terra em que os afrodescendentes constituem a parcela majoritária da população do país.
A miscigenação ocorrida durante a colonização de exploração, o não estabelecimento de uma segregação oficial dos negros, além de uma certa segmentação étnica que se verificou nas colônias de imigrantes nas regiões Sudeste e Sul serão consideradas as bases históricas que explicam algumas das especificidades da formação do preconceito racial no Brasil.
Desde a publicação da obra-prima de Gilberto Freyre, Casa grande e senzala, disseminou-se no país a ideia de que o Brasil é um caso especialíssimo de democracia racial em que negros e brancos convivem em perfeita harmonia. A questão racial poucas vezes tomou vulto nas Ciências Sociais. As clamorosas desigualdades socioeconômicas e acadêmicas existentes entre brancos e negros no país não veem recebendo a atenção que mereceria dos partidos, dos governantes e dos intelectuais. As poucas tentativas feitas pelo poder público e por algumas Universidades no sentido de correção dessas desigualdades têm enfrentado resistências significativas na sociedade civil.
Os negros correspondem a apenas 2% do contingente de universitários, apesar de representarem 45% dos brasileiros. Estudos do IPEA, Instituto de Pesquisas Econômicas Avançadas, revelam que um homem branco brasileiro, em média, recebe R$ 934,00; uma mulher branca, R$ 633,30; um homem negro, R$ 458,90; e uma mulher negra, apenas R$ 325,40. Os negros constituem a enorme maioria dos desempregados, dos analfabetos, dos que não têm teto ou terra, daqueles que morrem nas portas dos hospitais públicos ou nas sarjetas das grandes cidades, vitimados por bárbaras chacinas policiais.
O Brasil importou 4 milhões de africanos durante os quase 4 séculos de tráfico transatlântico motivado pelo processo de colonização. A estas vítimas, somaram-se 40 milhões de crioulos, escravos já nascidos em terras brasileiras. Domingos Jorge Velho e outros bandeirantes, responsáveis pela destruição de quilombos, caça de negros fugidos, apresamento de povos indígenas, continuam a ser homenageados e lembrados com estátuas em logradouros públicos. Não existe no Brasil nenhum monumento ou memorial aos 44 milhões de vítimas da escravidão. O crime de lesa-humanidade permanece impune, a memória das vítimas não foi reparada e os seus descendentes continuam vítimas dos seus efeitos.
Número de páginas | 128 |
Edição | 2 (2016) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Português |
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