A VOCÊ, CAÓTICA!
A você, minha pequena incompreendida. A você, maior que o mundo. Menina. Moça. Mulher. Esta é a minha carta mágica a você que sangra. A você que carrega a energia da criação pulsante dentro de si. A você que brilha no escuro mais que uma estrela.
Nós temos algo que nos une. Algo tão imenso e absurdo que é impronunciável. Além do nosso ventre, dos nossos cílios tremulantes e do andar torto...
Nós temos magia em nosso sangue. Eu sei disso porque esta carta chegará apenas às pessoas erradas.
Às rejeitadas. Às caóticas.
Eu sei disso porque, assim como eu, você teve seu coração dilacerado tantas vezes que às vezes se pergunta se ainda tem um. E quando o sente palpitar, não sabe bem o que fazer com ele.
Assim como eu, você não conseguiu se encaixar em lugar algum. Coisas estranhas aconteceram a ponto de você ultrapassar o limiar da sanidade.
“Eu sou louca?”, você se pergunta quando se olha no espelho.
Sua louca. Sua puta. Sua desajeitada.
Nós somos tudo isso, querida.
Quando o mundo vibra em sincronia e distopia, quando nada faz sentido mesmo tudo se encaixando, quando você finalmente sente a completude inatingível, quando você geme de prazer e goza, quando estamos dançando em círculo naquele seu sonho esquecido… eu me reconheço em você.
Em seus chás, seus banhos, seus choros. Eu me reconheço na sua imundície e na sua graça. Eu me reconheço na sua arte e em tudo que você rejeita por simplesmente não confiar no próprio trabalho.
Eu me reconheço no que você jogou fora e enterrou no seu quintal morto. E todas as vezes em que você foi louvada e se sentiu uma farsa.
Nós somos uma farsa. Nossas máscaras bem ajustadas e varinhas enfeitadas. É impossível nos domar ou nos despir completamente. Porque somos um teatro para as Deusas e não há nada de mais sincero e verdadeiro nisso.
Nossos dedos estão molhados. De tesão e de lágrimas. Nós canalizamos a nossa dor para criarmos com ela. Olhamos para o nosso passado, enquanto dançamos e gritamos adeus.
Você aceita este chamado? Aceita o Caos em sua vida? Aceita correr, correr e dançar até a exaustão?
Você e seus colares. Você e suas baterias em formato de cristal. Você e seu cheiro inebriante.
Você e seu gosto. Gosto de boceta sagrada.
Querida, você não é apenas o útero.
Você não apenas é o receptáculo.
Você não é apenas a prostituta. Nem mesmo a santa.
Quem é você?
Eu escrevo para você. Sim. Mesmo que não nos conheçamos. Mesmo que ainda não saiba o seu nome. Eu te chamo.
“Sente-se aqui, minha pequena Deusa!”
Eu te quero como parte de mim e fora de tudo.
Eu te quero sem nenhuma amarra, ciente de que pode tudo e de que não deve absolutamente nada.
Eu quero a sua dor, seu rancor, a fila de homens que passou em sua vida. Eu quero encarar cada um deles nos olhos como eles te encararam. Eu quero sua infância e sua velhice.
E nosso poder multiplicado pela nossa força.
Valente ou amedrontada, nossa vez é agora.
Estude comigo.
Dance comigo.
Eu te quero, caótica.
Número de páginas | 134 |
Edição | 1 (2019) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura |
Tipo de papel | Estucado Mate 150g |
Idioma | Português |
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