“Escalpo” persiste na sina do “IGNOMÍNIAS”: o retinir do frio metal. Mas agora com uma sutil diferença. De lá onde o eco perde a natureza, confunde-se talvez com o trânsito, um choro de criança ou um canto de pássaro. Em longas e vaporosas camisolas, casacos de plumas ou mesmo nuas, surgem como que encantadas, não como doçura; como leite morno; o mel medicinal, luas transtornadas se desfolhando, no engano da palavra; o príncipe do sapo, escalpeladas. Queixosas de um homem que é um halo: ninguém pode responder! Também não me preocupei em dar ordem a tudo isto. “Escapo” é a reunião dos trabalhos de dezembro de 2013 a março do ano seguinte. Poemas inspirados em imagens, boa parte deles postados no Facebook, o único vão por onde ainda resvala esta branca nodoa; sinal de socorro talvez, ainda incompreendido, consumido a revelia, quase sem nenhum valor.
Poeta e musa seriam seres impalpáveis? O amor, a tragédia shakespeariana em que ambos os protagonistas morrem envenenados? Ando surpreso como a urgência anda poluindo tudo, assoreando rios; sorrisos, desmatando indiscriminadamente, num triste materialismo. E antes que o poeta possa entender o estratagema feminino, este fingir-se de morta, adormecida; este luxo; este custo; esta agonia para escapar... De quem? Da família, da sociedade; estas igrejas falidas? A cruz feminina, crer simplesmente no valor do seu peso em ouro, o que uma aparência incitaria; excitaria, numa morte súbita, num tudo ou nada se atirando ao pescoço?... O exausto vate se envenena, perde as estribeiras, manda a merda, acuado também... E por quem? A sua causa perdida, o macho destituído, os reinos comprometidos pelo totalitarismo do capital, os ricos mais ricos?... Existem mais coisas entre a terra e o inferno que a nossa fundamental hipocrisia... O céu nós já perdemos faz tempo!
Número de páginas | 136 |
Edição | 2 (2014) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Português |
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