Embora não seja muito extensa, Dotes Curativos é uma história marcante. O enredo foi pensado da maneira mais inocente que se possa imaginar, em meados de 2002, quando visitei pela primeira vez a Fundação Amaral Carvalho, no interior de São Paulo. Aqui, um empresário rico e famoso descobre um câncer terminal. Ao mesmo tempo em que é solteiro e não possui filhos, não tem para quem deixar seu patrimônio. Seu nome é Carlos. Ele entra em profunda depressão, temendo a morte e o que poderá encontrar após a passagem. É um homem amargo, muito apegado aos bens materiais. Logo, descrente de sentimentos ou relações verdadeiras entre seres humanos.
Eis que em seu caminho surge Iemurá, um índio misterioso, que o acolhe em um momento de necessidade. O xamã então prepara um misterioso chá, a partir de pequenas plantas incomuns cultivadas exclusivamente dentro de sua morada, um local inóspito e oculto no coração de uma mata fechada. Mesmo relutante, Carlos acaba consumindo a bebida. É então arrebatado por um amontoado de visões alucinógenas que misturam sonhos e realidade. Ao despertar, o homem está revitalizado. E 100% livre do câncer que se alastrara por seu corpo! Carlos fica fascinado pelos dotes curativos daquelas plantas, ao mesmo tempo em que cresce em si uma ambição desenfreada: Carlos não terá tempo de agradecer pela cura. Todos os pequenos brotos de bons sentimentos que começavam a nascer são imediatamente massacrados pela necessidade de roubar as plantas de Iemurá, não deixando nenhuma. Carlos passa a reproduzi-las em numerosas estufas.
Meses depois, Carlos tornou-se multimilionário, oferecendo ao mundo uma cura revolucionaria contra o câncer, e uma verdadeira crise de desemprego a todos os profissionais de fundações e hospitais cancerígenos. Um ano depois, o câncer não é mais preocupante do que um simples resfriado. Mas o preço do remédio começa a crescer sem parar. Em determinado momento, Iemurá irá ressurgir novamente na vida de Carlos, trazendo uma infeliz novidade: Está com câncer. Mas, infelizmente, Iemurá não pode pagar pelo tratamento que um dia ofereceu de graça.
Número de páginas | 121 |
Edição | 1 (2023) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Ahuesado 80g |
Idioma | Português |
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