Tudo começa com um grito. Um índio Paumari corta o pé no roçado e grita “Canu… tamá!”. O mestiço Manoel Urbano da Encarnação, negro-indígena de pele queimada pelo Purus, escuta, acode e decreta: “Este será o nome desse lugar”. Do sangue nasceu, assim, o nome. E do nome nasceu a cidade...
Misturaram-se aí quatro sangues num só coração para formar Canutama: o indígena, morador milenar; o negro, que fundou o seringal; o nordestino, que trocou o mandacaru pela seringueira; e o branco, que chegou depois. Pronto! Canutama nasceu preta e indígena antes de nascer brasileira!
Canutama não é ponto no mapa. Canutama é grito que virou chão, rio que virou mãe, dor que virou nome, e nome que nunca mais calou. Canutama é a prova de que há lugares que só existem porque alguém, um dia, sangrou neles e teve coragem de dar nome à dor.
Canutama não foi feita por decreto, nem por lei. Foi feita na jangada do Paumari, no remo do negro, no grito do índio, na techné do português e na teimosia do nordestino, que extraiu o leite da seringa e trouxe riqueza ao lugar. Por isso até hoje quando alguém pergunta de onde vem o povo de Canutama, a resposta é simples: Vem do rio. Vem dos quatro sangues fundadores. Vem do “Canu… tamá!” que nunca parou de ecoar. Vem da dor que virou palavra...
Um documento de Manaus, mais tarde, até tentou dizer: “o lugar vai se chamar Vila de Nossa Senhora de Nazaré de Bela Vista”. Mas o povo já falava outro nome. Na rede, no remo, na enchente: Canutama. Não imposto. Absorvido.
| ISBN | 9786501840956 |
| Número de páginas | 316 |
| Edição | 1 (2025) |
| Formato | Quadrado (200x200) |
| Acabamento | Brochura s/ orelha |
| Coloração | Preto e branco |
| Tipo de papel | Ahuesado 80g |
| Idioma | Português |
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