« Bebemos, dançamos, trocamos impressões sobre as figuras que por ali circulavam, especulando sobre suas vidas. ¿Onde morariam? ¿Como ganhariam a vida? ¿Em que cidade teriam nascido? ¿Que crimes teriam praticado? ¿Que virtudes manteriam intactas? ¿Assistiriam ao Jornal Nacional?... Por mais que tentássemos encontrar motivações nobres naqueles olhares altivos, gestos majestáticos, gargalhadas fátuas, o fim daquilo tudo haveria de ser a mesma solidão profunda e escura que tantas vezes também nos encontrava. Era óbvio que havia uma hierarquia oculta ali, os traficantes mais poderosos, os cafetões mais foderosos, as mulheres mais fodíveis e, logo abaixo, seus sequazes, êmulos, inimigos e fãs. Contudo, os “exploradores da noite” eram os únicos que pareciam buscar, com o olhar, algo além das aparências. Era fácil reconhecer quem estava ali tencionando simplesmente conhecer um outro mundo. Como nós mesmos. Já os seres autóctones eram pura paisagem, caças e caçadores. Ali não havia o mesmo clima descontraído do Love Story. Apesar das risadas e da dança, havia chumbo no ar. ¿Perceberiam o teatro que aquilo tudo era? ¿Teriam consciência do potencial trágico que aquele ambiente dava às histórias de suas vidas? Talvez não. Nós tampouco.»
Número de páginas | 162 |
Edição | 2 (2012) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Português |
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