Na penumbra dos arquivos empoeirados da história, jazem histórias que a humanidade prefere esquecer. Histórias de uma ci-ência que não foi ciência, mas um pesadelo travestido de conheci-mento. A eugenia não é apenas um capítulo esquecido nos anais acadêmicos, mas um grito silencioso de milhares de vidas destroça-das sob o manto da suposta racionalidade científica.
“Pense numa jovem de 19 anos, internada em uma institui-ção no interior da Califórnia em 1927. Seus olhos, antes brilhantes de sonhos, agora refletem um vazio inexplicável. Ela não cometeu crime algum. Seu único "delito" era ser considerada "geneticamente inadequada" por um sistema que transformava seres humanos em meros dados estatísticos.”
“Imagine um naturalista, geólogo, biólogo, celebrado mundi-almente, Charles Darwin, involuntariamente fornecendo o combustí-vel intelectual, para seus pares criarem uma máquina de destruição em massa. Sua teoria da seleção natural, originalmente concebida para explicar a evolução das espécies, foi brutalmente distorcida para justificar a "seleção" de seres humanos.”
“Pense numa universidade diferenciada, Universidade de Londres, componha como organizadora a Eugenics Education Soci-ety of Britain referência mundial em ciências, que não era apenas um local. Era o epicentro de uma conspiração científica que mudaria o curso da humanidade. As janelas do auditório testemunhariam um encontro que definiria décadas de políticas de opressão e que pro-vocaria certamente raios e trovoadas na Segunda Grande Guerra.”
“Volte no tempo e observe o sol de 1929 que queimava dife-rente no Rio de Janeiro. No Museu Nacional, os corredores sussur-ravam uma história que poucos queriam ouvir.”
A história das políticas eugênicas não é apenas um capítulo obscuro da ciência, mas um tribunal silencioso onde a humanidade se julga em seus piores impulsos. É a narrativa mais profunda de como o conhecimento científico pode ser transformado no mais per-verso dos instrumentos de opressão.
“Imagine um mundo onde a ciência não liberta, mas aprisio-na. Onde corpos são medidos, classificados e sentenciados não por suas histórias, mas por características físicas ou condições que fo-gem a um padrão arbitrário e cruel. As práticas eugênicas represen-tam exatamente isso: um sistema sofisticado de violência institucio-nalizada.”
“Negros, indígenas, asiáticos, pessoas com deficiência, indi-víduos com transtornos mentais, crianças com características físicas diferentes - todos se tornaram alvos de um projeto científico que ia muito além da pesquisa. Era um projeto de eliminação sistemática, uma engenharia social fundamentada em preconceitos travestidos de método científico.”
As políticas de esterilização compulsória transformaram cor-pos em campos de batalha. Mulheres negras eram esterilizadas sem consentimento, pessoas com deficiência eram impedidas de consti-tuir família, comunidades inteiras eram vistas como "indesejáveis" e precisavam ser "controladas".
Não se tratava apenas de um procedimento médico, mas de um ritual de purificação social. Cada esterilização representava uma sentença de morte genética, um apagamento de histórias, de poten-ciais, de sonhos. A ciência havia se transformado no mais cruel dos instrumentos de segregação.
Os "indesejados" eram marcados não por suas capacidades, mas por características que fugiam de um padrão colonial e racista. Deficiências físicas, condições mentais, cor da pele, origem étnica - tudo se transformava em critério para exclusão.
Era um sistema que ia muito além da esterilização. Significa-va o apagamento sistemático de grupos inteiros, a negação de suas existências, de suas possibilidades de futuro. A eugenia não elimina-va apenas corpos, mas possibilidades, sonhos, histórias não conta-das.
As políticas eugênicas revelaram o lado mais perverso da pretensa neutralidade científica. Mostraram como o conhecimento, quando contaminado por preconceitos, pode se transformar no mais sofisticado instrumento de barbárie.
ISBN | 9786501269238 |
Número de páginas | 140 |
Edição | 1 (2024) |
Formato | 16x23 (160x230) |
Acabamento | Brochura s/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Ahuesado 80g |
Idioma | Português |
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