TERRAMORTA

O mundo não terminou com um estrondo, mas com um sussurro venenoso. Não foram as bombas. Não foram os incêndios que consumiram cidades ou os ventos radioativos que arrasaram florestas. Foi o que veio antes e... o que se arrastou depois.

Um silêncio espesso e pesado se instalou sobre os escombros da civilização. Um silêncio que congelava a alma e sussurrava medo nos tímpanos. Era a ausência do zumbido doméstico dos motores. Era o vácuo deixado por bilhões de vozes caladas.

Um inverno nuclear cobriu a Terra com um manto de neve cinzenta e contaminada. Sob ele, a vida humana encolheu, espremendo-se em bolsões de desespero. Cidades viraram necrópoles de concreto e aço, labirintos onde a morte usava novas roupagens. E foi nas sombras desses túmulos arquitetônicos, no frio que mordia até a medula, que a simbiose floresceu.

Não eram apenas zumbis. Eram algo pior, mais insidioso, mais… criativo em sua horrenda diversidade. Pesadelos ambulantes de pele lisa e coriácea, com mandíbulas que rasgaram rostos, subtraíndo olhos, nariz e ouvidos. Criaturas ossudas e viscosas de membros alongados e desproporcionais. Eles não estavam mortos. Estavam transformados. Uma evolução acelerada, guiada por uma fome que era pura entropia.

E, acima deles, caminham os Titãs: Colossos de músculo ou pus pulsante. Monstros que desafiam a escala humana, cujos passos fazem o solo tremer e cujas garras são capazes de partir homens ao meio. Junto a eles, as Feras: ágeis, letais, capazes de farejar o medo...