“O portão de bronze e outros contos” é uma obra do mexicano Manuel Romero de Terreros (1880 - 1968). Membro da Academia Mexicana de Letras, Terreros foi professor universitário, tradutor e acadêmico, se dedicando a investigações históricas e artísticas.
A coleção de contos, cujo nome original é La puerta de bronce y otros cuentos, foi traduzida para o português por Gabriel L. Trizoglio (gabrielpagina.blogspot.com). As narrativas, envolvidas em mistério, suspense e acontecimentos sobrenaturais, apresentam aos leitores um pouco da cultura mexicana daquela época: lendas indígenas, fatos históricos, a vida nos povoados e a religiosidade católica.
A versão impressa pode ser solicitada pelo e-mail [email protected].
Trechos:
“Ao passar pelo umbral, a tosse de que padecia o misterioso personagem aumentou de tal maneira a ponto de escutarmos claramente que ele estava sufocando. A horrível tosse transformou-se em ronco e depois estertor. Repentinamente surgiram miados. Miavam, horrivelmente, em todas as dissonâncias imagináveis diversos gatos. Eu podia jurar que havia cem animais perto de nós (...) vi em seguida Paulino ajoelhado no meio do quarto com os braços em cruz e o maior dos terrores estampado no rosto. Exclamava com pavor ‘Virgem santíssima! O patrão velho! O patrão velho!’ ”. (do conto O Patrão Velho)
“...chegou o dia em que nem os sonhos podiam aliviar meus sofrimentos. O mais estranho era que à medida que eu sonhava com coisas cada vez mais fantásticas e formosas, as dores também eram maiores e me torturavam. Por isso vocês devem compreender que eu quis fugir dos sonhos, tomando fortes doses de café. Eu esperava ansiosamente a morte como uma libertação. E apesar de todos os meus esforços para me manter acordado e o horror com que via o chegar da noite, o sono acabava me vencendo no final. Em seguida, surgiam as visões mais inesperadas que eu pudesse imaginar, muitas delas inexplicáveis para este mundo”. (do conto Similia Similibus)
“Mil vezes tive meu sono interrompido. Lembro que naquela noite fui testemunha dos episódios mais sangrentos da conquista do México. Os sacerdotes astecas abriam o peito de suas vítimas e arrancavam seus corações, palpitantes ainda, para oferecê-los ao terrível Huichilobos. Constantemente se escutava o rumor dos embates e as poças de sangue me cercavam por todos os lados. Soou em meus ouvidos o triste som do tambor que, segundo Bernal Díaz, podia ser ouvido a duas léguas de distância. Despertei com ânimo. O sino maior da catedral soava lugubremente”. (do conto O Papagaio De Huichilobos)
“Com verdadeiro pavor, desceu, quase rolou, na verdade, a escada e correu para chamar o zelador. Deu pancadas fortes na porta com ambas as mãos, mas seus pedidos desesperados não foram ouvidos. Chegou à entrada do palácio e quis abrir o portão de bronze que o protegia. Por mais esforço que fizesse, não conseguia movê-lo um milímetro sequer. Por fim, em seu desespero, tentou passar entre as barras, pois queria a qualquer custo abandonar aquela casa. Como já descrito, dom Fabrício era extremamente magro. Decidiu, por isso, passar o corpo por algum dos vãos mais espaçados. (do conto O Portão de Bronze)
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Número de páginas | 60 |
Edição | 1 (2024) |
Idioma | Português |
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