Escrevi este livro como quem recolhe, com reverência, o pingo de orvalho que resta no
amanhecer. Cada poema é uma partícula da minha travessia — entre a razão e o
sonho, entre a ciência que desvenda e a poesia que acolhe.
Não escrevo para explicar o mundo, mas para me reconciliar com ele. Escrevo como
quem aprende a escutar o sussurro das coisas simples — o cheiro do café antigo, a
curva do rio, o silêncio entre duas palavras.
Sou um homem feito de encontros: nasci em outro chão, mas foi o Recife que me
adotou — com sua chuva oblíqua, suas pontes gastas e sua alma de resistência. Aqui,
tornei-me pernambucano pelo afeto, pela escolha, pela eternidade do pertencimento
que não precisa de certidão.
O Pingo do i é isso: minha tentativa de nomear o indizível.
Cada verso carrega o gesto mínimo que dá sentido ao todo. Como o pingo do “i”, que
parece tão pequeno… mas sem ele, a letra não é inteira. Sem ele, falta algo que só o
pequeno pode oferecer.
Este livro é uma oferenda.
A quem já amou, a quem ainda sonha, a quem tem saudade — mesmo sem saber de
quê.
E se alguma palavra minha tocar o teu silêncio, então já não estarei só.
Raul
Número de páginas | 100 |
Edição | 1 (2025) |
Idioma | Português |
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