A poesia é uma forma de revelar o mundo sem necessariamente explicá-lo. Ela age como um espelho fragmentado que reflete múltiplas verdades, tantas quantas o olhar do leitor puder captar. Neste livro, proponho uma imersão crítica em textos que não apenas expressam sentimentos e reflexões, mas também dialogam com a essência da existência, da arte e da condição humana.
Os poemas aqui analisados não se limitam ao lirismo ornamental; eles se fazem perguntas, confrontam dogmas e desvendam o impacto do excesso, da falta e da dualidade que nos compõe. Em Tudo é Hábito, por exemplo, a reflexão se volta para os perigos da repetição, da desmedida, do vício mascarado de rotina. O poema questiona o que nos define: aquilo que escolhemos ou aquilo que nos condiciona? A crítica implícita à alienação voluntária atravessa cada verso, provocando o leitor a reconsiderar seus próprios hábitos e amarras.
Já Não Dê Pérolas aos Porcos avança em outro terreno: o da percepção do valor e do desperdício. A metáfora do provérbio bíblico se desdobra para discutir a incompreensão do belo, a inutilidade de oferecer sensibilidade a quem não sabe recebê-la. Mas o poeta, amaldiçoado ou abençoado, persiste. Ensina poesia aos que não a entendem, amor aos que não o percebem, como se quisesse desafiar a própria lógica da comunicação. E quando não há mais como doar, resta o silêncio — um silêncio que também diz, também carrega peso e significado.
Em Ser o que Sou, a busca se torna mais introspectiva e metafísica. O eu lírico se desdobra em paradoxos, afirmando sua existência tanto na luz quanto na sombra, no medo e na entrega. Há aqui um traço de identidade líquida, fluida, onde o sujeito se reconhece em opostos e se permite ser múltiplo. Como um caleidoscópio, o poema sugere que a verdade não está na unidade rígida, mas na soma dos contrastes que nos compõem.
Essa multiplicidade é, de certa forma, o espírito deste livro. A poesia não é algo a ser dissecado friamente; é um organismo vivo, pulsante, que respira conforme o leitor o absorve. Ao longo das páginas que seguem, minhas análises não buscam verdades definitivas, mas abrem possibilidades. Cada poema aqui presente é um convite ao pensamento, à dúvida, à experimentação do sentir.
Espero que esta obra seja, antes de tudo, um estímulo ao olhar crítico e sensível, um espaço onde a leitura se torne diálogo e a interpretação se expanda como um horizonte sempre além do imediato.
ISBN | 9798313469959 |
Número de páginas | 141 |
Edição | 1 (2025) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Ahuesado 80g |
Idioma | Português |
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