O Domo Eletromagnético

A estrada deserta cortava a floresta densa como uma cicatriz escura sob o céu. Jessica, de 17 anos, observava as árvores passarem rapidamente pela janela do carro, imersas em sombras que se estendiam com o pôr do sol. O silêncio entre ela e o pai, Martins, era cortado apenas pelo som do motor... até que tudo parou. De repente, o carro morreu, Jessica se virou para perguntar o que estava acontecendo, mas o olhar do pai estava vazio, fixo no nada. Ele ergueu uma mão trêmula ao peito, engasgando um gemido abafado, e então desabou. Um infarto.

O coração de Jessica disparou. Seu corpo congelou, incapaz de processar a cena. O desespero a atingiu em ondas violentas. Sozinha. No meio do nada. Sem sinal no celular. O pai desacordado ao seu lado. Sem outra escolha, ela abriu a porta do carro e correu pela estrada, gritando por ajuda, e cada sombra na floresta parecia se mover. Então, no meio do caminho, ela a viu.

Uma cabana.

Enorme, de madeira escura, com janelas embaçadas. Parecia abandonada, e muito comum. Como se estivesse ali há mais tempo do que a própria floresta. Após conseguir entrar, arrepios percorreram sua espinha. O ar estava carregado, denso, como se eletricidade pairasse ao redor. Havia um cheiro estranho no ambiente, não de mofo ou madeira úmida, algo estranho.

A partir daquele momento, a noite se tornaria um pesadelo vivo. Segredos enterrados viriam à tona. Algo estava dentro daquela cabana, algo que a esperava. E fugir não era mais uma opção.