É com respeito, saudando os jongueiros velhos, pedindo licença aos donos da casa e às santas almas do cativeiro que recebi, com orgulho, o convite de Bárbara Pérez, para prefaciar esta obra que busca resgatar o jongo, patrimônio imaterial cultural do Brasil que, em Marataízes/ES, nos últimos anos vem expandindo seus espaços ritualísticos, ganhando as ruas e gerando estranhamentos e novas redes de pertencimento.
Procurando despertar a tradição que adormecia na memória dos mais velhos, a escritora, poetiza e gestora cultural, Bárbara Pérez, reúne nesta obra, depois de uma árdua tarefa de preservar a rica história do jongo em Marataízes, município localizado no litoral sul do Espírito Santo, o resultado de uma pesquisa ímpar e enriquecedora sobre a presença de um folguedo trazido ao Brasil por descendentes de africanos escravizados e que resiste ao longo dos séculos, com a bela atitude e o mais profundo desejo de manter sua preservação.
Não há dúvida de que os depoimentos colhidos pela autora, além de enriquecer o patrimônio imaterial local, serviram de relevante fonte de pesquisa para a elaboração deste primeiro livro de memórias, sendo certo que também servirão
como um precioso instrumento para outras pesquisas e estudos que versarem sobre o resgate ou manutenção do folclore marataizense.
A partir das entrevistas foi possível realizar alguns levantamentos históricos importantes para o desenvolvi- mento do livro, todavia, a escritora fez questão de também consultar as indispensáveis e primorosas obras de renomados historiadores.
Este livro rememora a trajetória do jongo que, ao longo dos anos, vem resistindo às inúmeras mudanças que a contemporaneidade oferece, mantendo a tradição, sua originalidade e preservação dos costumes, saberes e conheceres artísticos a nós presenteadas pelos negros de matriz africana que, apesar dos açoites do século XXI, da famigerada ganância pelo poder e da desenfreada tecnologia, contribui de maneira expressiva e extremamente positiva para a cultura brasileira.
Folheando as páginas deste livro vamos apreciar ricas informações e contribuições a respeito do jongo, patrimônio imaterial brasileiro, presente em solo marataizense, bem como, fazer uma viagem pelo túnel do tempo, rememorando uma das mais ricas heranças culturais deixadas no Brasil pela diáspora africana: as formas expressivas do Jongo, somando sua contextualização histórica e social aos seus desdobra- mentos enquanto ação artística de existência e resistência cultural.
O jongo é o grito de liberdade do negro, é raça, é a alma poética do preto que remonta ao tempo das rodas na noite da senzala, ao lume da fogueira. Jongo é resistência, é luta por dignidade, é a busca por um lugar ao sol, é cultura, é tradição. Em resumo, o jongo é uma dança semirreligiosa, de matriz africana, praticada desde o período colonial pelos ne- gros, nos terreiros das fazendas da antiga região produtora de cana-de-açúcar do Sudeste brasileiro. Por meio do jongo, os escravizados exprimiam as suas dores, planejavam revoltas e fugas e celebravam os seus festejos.
Parabenizo a autora pela bela iniciativa, saúdo os quilombolas, jongueiros e amantes da cultura afro-brasileira, desejando boa leitura a todos!
José Geraldo Oliveira Mion
Professor, autor do livro: Jongo – do cativeiro aos dias atuais. Jornalista (DRT-ES 2.141/04).
Número de páginas | 116 |
Edição | 1 (2025) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Colorido |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Português |
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