Gilles Deleuze e Félix Guattari dizem que todo acontecimento tem um nome próprio e é datado. Apropriando-me disso, nomeio e dato cada um dos acontecimentos aqui escritos; e faço isso a partir das paisagens constitutivas, que são cidades. Isso porque a paisagem é uma das responsáveis pelo surgimento de um acontecimento.
Nem sempre os fragmentos escriturais deste livro são acontecimentos (mesmo porque estes não são controláveis); por vezes, são apenas descrições que são feitas na esperança da emergência de um acontecimento. Nesse caso, a descrição é uma forma de aguardar, esperar que algo aconteça e/ou de criar as condições necessárias para isso.
Cada fragmento busca a verdade do instante! Aliás, é precisamente por isso que os fragmentos têm nomes próprios e são datados. Os acontecimentos são compostos por efeitos passageiros (assim, as suas verdades pertencem apenas aos instantes), de modo que os seus nomes próprios apenas guardam o conjunto desses efeitos (“Furacão Katrina” é um nome próprio para guardar o conjunto dos efeitos produzidos por um acontecimento). São, portanto, verdades não biográficas, mas, usando a noção de Roland Barthes, biografemáticas. Ainda que a minha vida seja a matéria de escrita, o que escrevo são desenhos de um Eu esquartejado, de modo que o “minha” já é de vários (ou, como dizem Deleuze e Guattari, já é um agenciamento coletivo de enunciação).
Em suma, os fragmentos são acontecimentos ditos biografemáticos porque a matéria de escrita vem da vida em suas sutilezas; e a criação da expressão “geografema” fica por conta de tais acontecimentos terem cidades/lugares como paisagens.
Número de páginas | 112 |
Edição | 1 (2015) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Português |
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