*FETO POÉTICO*
Isaac Soares de Souza
O sêmen do poeta ejaculado em seu âmago
De embrião à feto,
Nunca vem à luz porque o verbo,
Que é palavra
É escarrado via bucal,
Num enlevo abissal,
Assim nasce a poesia
Feto poético,
Em esgares líricos ou tétricos,
Aborto benéfico
Pois a palavra é semente
Que germina em toda e qualquer plaga
Da mais produtiva à mais árida
Um feto poético nunca morre
Eternamente acorre
E esparge verdades e mentiras
Ilumina a vida
E faz de todo poeta
Um pregador da dor ou do amor
Nenhum poema é profético em sua terra
Porque santo de casa nunca fez milagre
Entretanto, a palavra sempre inside e invade
Cidadelas humanas, ditaduras insanas
E pleiteia mais vida,
Para a humanidade tão sofrida,
Ferrada e podrida
E o poeta, sempre avante no front
É um mercenário da palavra
Vagueia entre o ódio, a guerra, sempre de arma na mão,
Como se a poesia fosse sua única lavra
Pois nem a morte um poeta teme
Pelo contrário, no estertor da saprófaga,
No recôndito de sua alcova
O poeta, como suspiro derradeiro
Expele um feto poético,
Num vômito frenético
Dedicado à morte
Pois para um poeta tudo o que pulsa é vida,
Nem que seja a morte...
Número de páginas | 177 |
Edição | 1 (2016) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 90g |
Idioma | Português |
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