Não fui eu quem escolheu escrever Estardalhar. Foi ele que me escolheu, no tempo em que eu me sentia preso dentro de mim. A obesidade pesava no corpo, a depressão na mente, e o silêncio parecia um quarto fechado sem janelas. Para suportar, inventei alguém que vivesse aquilo de forma ainda mais extrema: Bernardo, um corpo em coma, mas com os ouvidos atentos a cada detalhe.
No início, pensei que estava apenas escrevendo sobre ele. Mas a cada página percebia que também falava de mim — e de quem já se sentiu aprisionado em dores que não aparecem nas fotos. Aos poucos, a escrita se tornou um espelho: a memória da minha avó Castura, os amigos que não couberam no tempo, as perdas que insistem em se repetir em silêncio.
Estardalhar é feito de lembranças, mas também de perguntas sem resposta. É sobre o que permanece quando tudo se desfaz, sobre o ruído que existe mesmo no silêncio. Talvez seja a história de um rapaz preso em coma. Talvez seja a história de qualquer pessoa que já carregou cicatrizes invisíveis.
Eu não conto tudo aqui — porque não é aqui que a história se resolve. Só posso dizer que escrevê-la foi minha maneira de sobreviver. E que lê-la talvez seja, para você, uma forma de se encontrar.
ISBN | 978-65-266-5332-6 |
Número de páginas | 435 |
Edição | 1 (2025) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Ahuesado 80g |
Idioma | Português |
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