De Farsantes e Papagaios
Com o passar dos anos, em seus escritos e em sua vida, o historiador Mário Maestri nunca parou de aguçar a capacidade de conciliar seriedade e ironia, sabedor da importância da sátira na crítica social e política, sobretudo para desvendar as contradições sociais fortemente entranhadas. Foi nesse estilo e com essa preocupação que escreveu Losurdo, um Farsante de Sucesso na Terra dos Papagaios: Ensaios sobre o Estalinismo e Neo-Estalinismo no Brasil. Sobretudo nesse trabalho, creio, foi preciso, desconstruir constantemente as aparências para chegar à essência, no emaranhado campo político. Espaço em que, mesmo para grande parte da chamada esquerda, não apenas os sucessos dos últimos cem anos – da revolução de 1917 à instauração da ditadura estalinista e, a seguir, à restauração capitalista na URSS – são objetos de forte instrumentalização ideológica. Fenômeno que se estende à confusa e questionável terminologia utilizada: palavras como esquerda, comunismo, marxismo, trotskismo, nacionalismo, revolução, burguesia, classe operária etc. são, mais do que nunca, “arena da luta de classe” – para usar expressão, dos anos 1920-30, do linguista soviético Volochinov.
Na primeira parte de Losurdo, um Farsante de Sucesso na Terra dos Papagaios, Mário Maestri descontrói, de modo irônico-sério, a apresentação totalmente improcedente de Domenico Losurdo de Stalin e do estalinismo, mostrando que, entre outras tantas transgressões metodológicas e éticas, o italiano sequer se deu ao trabalho de consultar a farta documentação arquival e editada sobre aquele período histórico. Mário Maestri não pára por aí. Ele se debruça sobre o aparente mistério da enorme receptividade que os escritos do Losurdo – intelectual pouco conhecido na Itália – tiveram entre parte da esquerda no Brasil.
A essa primeira e persuasiva parte, por si só, Mário Maestri acrescentou duas outras, que fecham esse ensaio com chave de ouro, tocando, além da razão, também o “coração” do leitor. A primeira é constituída de relatos mais pessoais, alguns muito comoventes. A segunda, em cuja tradução ao português eu tive o prazer de colaborar, constitui documento de extrema importância e tensão histórico-política e, também, a prova dos nove, para quem tiver ainda dúvida de que Domenico Losurdo foi mesmo um farsante e seus seguidores não passam de papagaios.
Florence Carboni, Gênova, 22 de julho de 2020.
ISBN | 978-65-876-8101-6 |
Número de páginas | 232 |
Edição | 2 (2021) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Português |
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