O caminho era de pedra.No meio do caminho – de Corinto a Tebas – tinha uma esfinge.E a esfinge era uma pedra, era de pedra – mas era também de perda.Então, no meio do caminho de pedra tinha uma esfinge, que era de pedra, que era de perda para o povo de Tebas.
O caminho podia ser para qualquer destino – simboliza a vida.Podia ser para Itabira.Se fosse para Itabira teria mais uma pedra (ou talvez mais duas) e estaria no meio da palavra que nomeia Itabira – Ita.No meio de ‘Ita-bira’ tinha uma pedra.E toda pedra é de terra – donde viemos e volveremos!
No meio de apenas um caminho a esfinge finge tomar conta de todos os destinos, certa que está de sua plena onipotência e onisciência.Quem vai ao seu encontro fica mudo – estrangulado - ante o absurdo de seu enigma: “ Decifra-me ou devoro-te “.Propõe - na verdade impõe - esta charada como condição para livrar o peregrino do pior destino – a morte – e Tebas, da destruição.
O peregrino caminha porque acredita que assim fugirá do seu destino – mas não sabia que este era exatamente e tão somente o caminhar; conquanto também se supunha onipresente e onisciente, não cogitava que nada estivesse alheio à sua vontade, desejos e desígnios.
A pedra da esfinge faz-se pó, silica, quando é decifrada; imaginava-se imortalizada, sol, faraó, no entanto é devorada pelo peregrino, espelho da esfinge, que acreditando fugir da sua sina, nada mais fazia do que ir ao seu encontro.Para alcançar seu destino cometeu o maior dos desatinos: conhecer-se profundamente, conhecer o homem, o outrem como imagem e semelhança de si mesmo.E o seu destino era o encontro com o amor perfeito, aquele que não tem jeito nenhum de existir porque implica na renúncia completa de si em face de outrem.
O amor perfeito é a morte do eu-peregrino por exigir sua total e incondicional abnegação.A mais próxima descrição do amor perfeito encontra-se na Bíblia, Corintos 13, de onde Édipo-pé-regrino foge para encontrar seu destino: devorar-se.
Fica cego, fica só e vira pó – assim é quando se encontra o amor perfeito, do qual só se tem, na fantasia e na poesia, uma parca ideia do que seria.
Já no mundo palpável o amor é impalpável e imperfeito; por isto não nos cansamos de buscá-lo dia após dia.O que move o homem é a ilusão de podê-lo alcançar ou senão, ao menos, de dele tentar, tentar e tentar aproximar-se.Senão, por que viver ?
ISBN | 9788591849406 |
Número de páginas | 225 |
Edição | 1 (2014) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura |
Tipo de papel | Estucado Mate 90g |
Idioma | Português |
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