Arthur Rimbaud é um dos fenômenos mais enigmáticos da literatura mundial. Poeta precoce, incendiário da linguagem, visionário que declarou a necessidade de "chegar ao desconhecido através do desregramento de todos os sentidos", ele revolucionou a poesia antes mesmo de alcançar a idade adulta. Sua obra, embora breve, é um território de intensidade única, uma espécie de laboratório onde a palavra se torna matéria incandescente, dissolvendo fronteiras entre o real e o imaginário, entre o corpo e a alma, entre a arte e a vida. Em poucos anos de produção literária, Rimbaud desmontou os alicerces da poesia tradicional e abriu caminho para uma nova forma de expressão, que influenciaria simbolistas, surrealistas e toda a modernidade.
No entanto, o paradoxo de sua trajetória intriga tanto quanto sua genialidade: por que um poeta tão à frente de seu tempo abandonaria a literatura tão jovem, como se a palavra já não lhe servisse? Essa contradição, longe de ser um detalhe biográfico, faz parte do enigma Rimbaud e amplia o fascínio em torno de sua figura. A lenda do poeta que renunciou à própria arte para se perder em terras distantes, primeiro como explorador, depois como comerciante e traficante de armas, levanta uma questão essencial: Rimbaud abandonou a poesia ou foi a poesia que, tendo alcançado seu limite, o abandonou?
O objetivo deste livro não é apenas reconstruir a vida e a obra de Rimbaud, mas mergulhar criticamente em sua estética e pensamento. Se sua poesia ainda hoje nos atinge como uma lâmina afiada, é porque ela transcende sua época e continua pulsante. Estudaremos desde seus primeiros versos, onde ecos do romantismo ainda ressoam, até os momentos de ruptura, como em Uma Temporada no Inferno e Iluminações, em que a linguagem explode em fragmentos oníricos e proféticos. Exploraremos a força bruta de O Barco Bêbado, a visão poética expressa em suas Cartas do Vidente, e a transformação radical de um jovem que, em poucos anos, reconfigurou a ideia de poesia para sempre.
Mas mais do que um estudo acadêmico ou biográfico, este livro busca interpretar Rimbaud a partir do próprio espírito de sua obra: com intensidade, com paixão, com uma leitura que não seja apenas analítica, mas também sensorial. Afinal, ler Rimbaud é, por si só, um exercício de vertigem, um desregramento controlado, uma experiência estética que desafia os limites da lógica e nos convida a um mergulho sem retorno na essência da palavra poética.
Arthur Rimbaud foi um cometa na poesia, um relâmpago que incendiou a literatura e desapareceu antes que o mundo pudesse compreender plenamente sua luz. Sua poesia é um grito de ruptura, uma afronta às formas e convenções, onde a linguagem se torna selvagem, livre, alucinada. Com apenas dezessete anos, escreveu Uma Temporada no Inferno, obra que desfia a alma como um tecido incendiado, revelando um poeta que já sabia, com angústia e exaltação, que o destino da arte era ultrapassar a própria arte. Seu verso não se prende ao sentido comum: ele explode em imagens, sensações, delírios de um jovem profeta que enxergava o mundo sob uma ótica que só ele possuía.
Rimbaud reinventou a poesia ao libertá-la das amarras lógicas, lançando-a no desconhecido com uma audácia febril. Nos Iluminações, seus poemas em prosa dissolvem a fronteira entre sonho e realidade, transbordam de cores, sons, perfumes, transportando o leitor a uma dimensão de êxtase e vertigem. Ele compreendeu que a linguagem deveria ser expandida até o limite da experiência sensorial, como um vidente que vê além do visível. Suas metáforas não são apenas metáforas: são chaves para outras realidades, onde a beleza nasce da confusão, onde as palavras não descrevem, mas evocam, queimam, transformam.
ISBN | 9798312862157 |
Número de páginas | 188 |
Edição | 1 (2025) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Ahuesado 80g |
Idioma | Português |
Tem algo a reclamar sobre este livro? Envie um email para [email protected]
Faça o login deixe o seu comentário sobre o livro.