Os silêncios são a alma da peça. "Reboco", de Ed Borges, desvela-se em múltiplas camadas, a começar pelo sentido literal do termo. A peça apresenta João e sua filha Cida — Ana Aparecida — traçando o ofício de João, o pedreiro, e a poeira que permeia seu labor, elevando a colher de pedreiro a símbolo de sustento e presságio. Tais elementos, visuais e discretos, pontuam a obra.
Embaixo dessa materialidade, brotam os rebocos sociais e morais. A peça expõe a luta não analisada, mas sentida… da pobreza e da violência sistêmica, onde a fragilidade do caráter é mostrada sem julgamento. A falha da estrutura social obriga cada família a edificar seu próprio reboco, figurado na improvisação cotidiana e nas alianças quase naturais que impedem o desmoronamento.
Por fim, o reboco transmuta-se em laço humano. João, o pai, torna-se a própria argamassa, o esteio que, em sacrifício silencioso, resguarda a filha, Cida. Seu amor, expresso em gestos miúdos e não em discursos, manifesta-se no corpo fatigado que se interpõe entre a filha e as adversidades.
A estrutura temporal da encenação abrange um hiato de quase três décadas, do nascimento de Cida e a morte de sua mãe, à sua formatura em medicina. Contudo, o cerne da narrativa pulsa em cinco dias cruciais: dia 1 — a morte da mãe em 1998; dias 2, 3 e 4 — da adolescência de Cida, onde passado e futuro, sacrifício e anseio, confluem; e o dia 5 - cena final.
A obra apresenta dois finais, cabendo à direção escolher!
Número de páginas | 54 |
Edição | 1 (2025) |
Formato | A4 (210x297) |
Acabamento | Brochura s/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 90g |
Idioma | Português |
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