Essas árvores, com seus galhos estéreis e desfigurados, contavam histórias antigas de batalhas e pactos esquecidos, lembranças de um poder que uma vez fluiu pelas raízes da terra. Para o lince, essas árvores não eram meros obstáculos em sua caçada, mas testemunhas silenciosas de eras passadas. Ele podia sentir, no ar seco e gélido, a memória de uma antiga magia que outrora permeou aquele lugar, agora adormecida, esperando o momento de despertar.
As noites sob o céu escuro e estrelado eram sempre as mais reveladoras. A lua cheia lançava uma luz pálida sobre as árvores secas, transformando-as em espectros prateados. O lince, com seus olhos brilhantes e alertas, observava cada movimento ao seu redor, atento ao que estava por vir. Ele conhecia o poder oculto nas profundezas daquela floresta morta, e sabia que o destino daquelas árvores secas estava intimamente ligado ao segredo que ele guardava.
Em meio ao silêncio opressor da floresta, o lince era um símbolo de vida em um lugar onde tudo parecia morto.
29. A Câmara dos Espelhos
Uma sala onde espelhos cobriam cada parede, refletindo infinitamente. Cada espelho mostrava uma versão ligeiramente diferente do observador, como se fossem portais para outras realidades.Cada espelho era uma obra de arte intricada. Suas molduras, esculpidas em prata e ouro, retratavam cenas de batalhas, criaturas místicas e figuras lendárias do passado. No entanto, os espelhos não eram apenas superfícies refletoras; havia algo de mágico neles, algo que parecia desafiar as leis da realidade.
Ao se aproximar de um espelho, a primeira coisa que se percebia era que ele não mostrava um reflexo comum. As imagens refletidas sempre traziam algo diferente, algo que não correspondia exatamente à pessoa que se olhava. Para alguns, o espelho revelava uma versão mais jovem ou mais velha de si. Para outros, mostrava uma pessoa mudada por escolhas diferentes, como se o espelho pudesse vislumbrar outras vidas possíveis. E, em casos mais perturbadores, o reflexo parecia ser de alguém completamente diferente — um estranho que, ainda assim, trazia traços familiares.
Havia histórias entre os poucos que ousaram entrar na câmara. Alguns afirmavam que os espelhos tinham o poder de revelar os desejos mais profundos de uma pessoa, mas apenas por um instante, antes de distorcerem a imagem em algo mais sombrio. Outros acreditavam que os espelhos podiam capturar fragmentos da alma, e que a imagem refletida podia ser corrompida pelo tempo.
No entanto, o verdadeiro segredo da Câmara dos Espelhos residia em um espelho maior, situado no fundo do salão, chamado de Espelho Primordial. Esse espelho, diferente dos outros, era de um preto profundo, sua superfície parecia ser feita de obsidiana polida. Ao contrário dos espelhos comuns, ele não refletia luz — pelo contrário, parecia absorvê-la. Acreditava-se que o Espelho Primordial tinha o poder de mostrar o futuro, mas apenas para aqueles corajosos o suficiente para encará-lo sem medo. Porém, poucos voltavam sãos depois de se verem refletidos ali.
Havia uma lenda antiga de que o Espelho Primordial era um portal para outra dimensão.....
34. Sala dos Sussurros
Uma câmara pequena, mas de uma acústica peculiar. Qualquer som emitido dentro dela era amplificado e ecoava pelos corredores do castelo, às vezes sussurrando segredos antigos ou conversas entre habitantes do passado. Diziam que os sussurros, embora vagos, carregavam pistas sobre o segredo que o castelo guardava.Ao entrar, o ambiente mudava drasticamente. A sala era pequena e circular, suas paredes cobertas por tapeçarias grossas que abafavam os sons externos. No centro, havia um pedestal de mármore negro, sobre o qual repousava uma pequena esfera de cristal, aparentemente inofensiva, mas que irradiava uma energia sutil e inquietante.
O que tornava a Sala dos Sussurros diferente de qualquer outro cômodo era sua acústica. Mesmo o menor ruído — o som de um passo, o leve roçar de tecido ou a respiração de alguém — parecia ser amplificado e transformado. Mas o verdadeiro mistério era o som constante de vozes sussurrantes que preenchia o ar. Não eram meramente ecos ou ruídos sem origem clara, mas vozes reais, falando em tons baixos e quase hipnóticos. A maioria das pessoas não conseguia discernir o que essas vozes diziam, mas todos concordavam que havia algo profundamente perturbador nelas.
Diziam que as vozes na sala eram as dos espíritos antigos que haviam habitado o castelo, ou talvez de seres ainda mais antigos, cuja existência estava ligada à magia que permeava as fundações daquele lugar. Algumas histórias afirmavam que as vozes eram de conselheiros mortos há séculos.....
Número de páginas | 18 |
Edição | 1 (2024) |
Idioma | Português |
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