“Que cretino! Que grande cretino! Que imenso cretino!” é tudo que sempre tive a dizer sobre o autor deste livro. Porém devo admitir que pela primeira vez em sua vida, ele disse uma verdade: não há rinocerontes neste livro; e que por isso deve ser parabenizado, por ter finalmente alcançado essa grande façanha. Então, não se preocupe, não encontrarás um sequer rinoceronte lendo esses textos.
Mas vamos falar do que realmente interessa aqui, as suas mentiras, as suas imensas mentiras, pois este livro se vende como um livro de contos, e isso é uma absoluta mentira, pois tenho provas que parte dos textos aqui presentes não são ficções, mas histórias verídicas. E se escrevo este prefácio é para por fim expor esse escritor como a fraude que é, e denunciá-lo as autoridades responsáveis.
Comecemos pelos dois extratos do Livro dos Unicórnios encontrados nesta coletânea. Como alguém pode ousar assumir autoria de dois textos obviamente escritos sobre inspiração divina. Pelo que me contaram os mais próximos a ele. O autor estava dormindo uma noite em sua casa de campo, quando foi de repente acordado por cascos a bater em sua janela. Boom, boom, boom. Violentamente, a janela se arrebentou. Por ela, então, veio voando, rodeado de uma luz ofuscante, combinação entre verde limão e rosa shock, com raios púrpuras, um grande jumento com chifre de unicórnio. E esse jumento, olhou seriamente para o autor e lhe disse com uma voz grossa: “Ó..., mero produto dos pelos pubianos do sagrado, levante-se e escute bem, tu foste escolhido para revelar a verdade aos homens, cavalos, jumentos e, principalmente, as capivaras. Um daqueles que estava lá no início de tudo, a adorar a grande e magnífica batata, e que mesmo enfrentando os maiores infortúnios, mesmo enfrentando o esquecimento perante suas próprias criações, manteve-se entre nós, vigilante, decidiu que chegou o momento da verdadeira história do mundo ser revelada. A partir do próximo subir da lua, visitar-te-ei a cada noite que for necessária. Tu me presentearás com um saco das melhores cenouras, e após dar-me uma por uma para comer, a ti será revelada toda a história da existência!”. E foi isso, a ele foi dado todo um livro, não só um livro, mas um livro que se algum dia ele finalmente colocar todo no papel, será o mais importante já publicado na história da humanidade. Porém, como é um cretino, que prefere perder tempo escrevendo histórias de amores perdidos, que revelações divinas, o que temos neste livro só são esses dois extratos, meros resumos, de partes da melhor história a ser publicada. Que cretino!
Mas não para aí, não, vejam o relato sobre os suicídios naquela famigerada universidade do Rio de Janeiro, nem é dele realmente, mas tirado do caderno de um defunto que realmente sentiu os horrores daquele lugar na pele. E esse doente agora tenta empurrar aquele relato como se fosse um conto, tentando lucrar com a morte de seu amigo, como também das dezenas, talvez centenas de pessoas que se jogam daquele prédio todo ano. Há vários “contos” assim neste livro, baseado em histórias reais, ou seja, simplesmente resumindo o que realmente aconteceu, como o com o famigerado terrorista No-el, executado recentemente, ou a fabulosa Gigi Stradivarius (Como alguém pode resumir Gigi a tão poucos parágrafos? Eu a conheci em minha juventude! Eu a conheci, eu a amei! Só um Oscar Wilde com mil páginas e mil reluzentes diamantes, para poder chegar perto do brilho de Gigi. Ah... que presunção desse autor!). E ele até se atreve a publicar a lista de afazeres diários do governador, como se isso tivesse qualquer importância. Se este não estivesse preso agora, certamente o processaria.
Ah, mas a cretinice não acaba aí, não. Qualquer um que já tenha lido um dos meus artigos sobre ele, sabe que acima de tudo, o considero um pervertido, um demente pervertido, e isso se atesta mais uma vez neste livro. Há todo um grupo de contos que só poderia categorizar como: contos de fada eróticos no Rio de Janeiro; vão de versões bizarras e pervertidas de Alice no País das Maravilhas, o Mágico de Oz e Os Três Porquinhos, a uma da Chapeuzinho Vermelho, relativamente normal - até me impressionou – e um João e Maria que simplesmente não sei o que dizer - é o único não erótico, e isso não é um elogio, realmente não sei o que dizer tendo lido aquilo -. Fora que desses todos, a única fada que aparece é um travesti.
Salazar “Sal” Mummramad
(Ganhador da estatueta do Oscar de Melhor Ator,
premiada a Marlon Brando, em 1973)
Número de páginas | 208 |
Edição | 1 (2017) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Português |
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