No ano de 1893, o governo do Marechal Floriano Peixoto está às voltas com a Revolta da Armada. Treze generais exigiam que Peixoto, vice-presidente da jovem República que assumira o cargo após a renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca, cumprisse a Constituição promulgada em 1891, convocando novas eleições presidenciais, já que a presidência havia ficado vaga antes dos dois anos mínimos previstos.
A pressa em combater os revoltosos de posse de encouraçados que já haviam bombardeado fortificações no Rio de Janeiro, levou Floriano Peixoto a encomendar e adquirir navios de guerra inadvertidamente. Uma dessas aquisições foi o Destroyer em 1893, uma embarcação americana experimental, semi-submersa, com um torpedo a 2 metros da linha d’água.
Deixado de lado pela Marinha Americana, insatisfeita com o seu desempenho, o Destroyer foi encomendado pelo governo de Peixoto e trazido para o Brasil. Em um dos poucos registros presenciais confiáveis desse momento da história brasileira, num libreto chamado “Voyage of the Destroyer from New York to Brazil” (Boston, 1894), o conhecido navegador canadense-americano Joshua Slocum conta como ele e mais 12 marinheiros penosamente trouxeram o já avariado Destroyer ao país.
Slocum entrou para a história como o primeiro homem a circunvagar o mundo em solitário em seu veleiro Spray (de 24 de abril de 1895 partindo de Boston, retornando em 27 de junho de 1898, em Newport). Antes da viagem com o Destroyer, Slocum já havia estado no Brasil, quando naufragou com o barco Aquidneck. Aqui, ele e sua família construíram o veleiro Liberdade, com o qual voltaram para os Estados Unidos. O nome da embarcação foi uma homenagem à Abolição da Escravatura no Brasil em 13 de Maio de 1888, mesmo dia em que o Liberdade foi inaugurado.
O Destroyer, depois de passar por Fernando de Noronha e Recife, recebeu o nome de Piratini e foi surpreendentemente considerado apto pela Marinha Brasileira. Porém, nunca conseguiu deixar Salvador, tendo sido subutilizado, ficando encalhado por quatro anos nas imediações do Arsenal da Marinha de Salvador, até ser afundado no mesmo local pelo torpedeiro Timbira devido ao péssimo estado em que já se encontrava em 1898.
Joshua Slocum desapareceu no mar no final de 1909, a bordo do seu veleiro Spray, nas proximidades da foz do rio Orinoco, na Venezuela. Em 1924, Slocum foi oficialmente declarado morto.
A Revolta da Armada foi asfixiada em menos de dois meses. O "Marechal de Ferro" iniciava então uma longa lista de sufocamentos perpetrados pela República Velha. O mais conhecido deles aconteceu na mesma Bahia, três anos anos depois da Armada, em Canudos.
Número de páginas | 100 |
Edição | 1 (2024) |
Idioma | Português |
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