Em 1995, com 17 anos, o jovem Renato ingressou na escola baiana de medicina e saúde pública, ainda cheio de dúvidas sobre a sua real vocação! Aos poucos, se apaixonou pelo estudo do corpo humano e pela arte de cuidar de pessoas, porém, no quarto ano de faculdade, passou por uma situação que começou a mudar sua visão sobre como os médicos encaravam a relação médico-paciente: Nesse período, se iniciavam as aulas práticas das especialidades médicas e a aula prática de urologia ocorria no ambulatório daquela especialidade, localizado no hospital-escola! No dia daquela aula prática (a primeira), o professor simplesmente pediu ao paciente (um senhor humilde de mais de 60 anos) que abaixasse as calcas para mostras aos quatorze alunos (entre homes e mulheres) que estavam na sala, uma alteração que ele apresentava nos testículos! Incapaz de prestar atenção às explicações do professor, a única coisa que vinha na mente de Renato era a falta de respeito com que aquele paciente estava sendo tratado e a cara de desespero estampada nos olhos dele diante daquela plateia incômoda e curiosa!
Ainda recém formado, o já Dr. Renato passou por outras situações onde o desrespeito com a dignidade do paciente o fizeram quase desacreditar de sua profissão: Na residência de ginecologia e obstetrícia em São Paulo era odiado pelos colegas e amado pelos pacientes, pois atendia as gestantes do setor de emergência com total dignidade e respeito, conversando, examinando e explicando tudo, sem se importar se a consulta iria demorar vinte ou trinta minutos e atrasar o atendimento dos seus colegas! A fama de “quebra mão”, dada pelos outros colegas do setor de emergência jamais o fizeram desistir de tratar seus pacientes com a dignidade que ele julgava necessária e a gratidão por parte dos pacientes era visível e emocionante, chegando até a ganhar presentes de suas pacientes mais próximas, lembrando que se tratava de um serviço público e que atendia exclusivamente a pacientes do S.U.S. (Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros, na zona leste de São Paulo/ SP)!
Após concluir sua residência médica, passou a atuar como ginecologista e obstetra no interior de São Paulo, mantendo sua filosofia de atender com respeito e dignidade quem quer que fosse, independentemente de se tratar de paciente do SUS ou convênio! Porém, uma nova reviravolta precisou acontecer em sua vida quando percebeu que os representantes dos laboratórios (que o visitavam com frequência no consultório) tinham acesso às farmácias da região e sabiam se os medicamentos que estavam sendo promovidos por eles eram realmente prescritos ou não pelos médicos! Um representante chegou ao cúmulo de perguntar por que ele estava prescrevendo menos um determinando medicamento que acabava de ser colocado no mercado, pois as vendas haviam caído de um mês para o outro! Incomodado com essa situação, Renato decidiu que era o momento de procurar outra área de atuação, onde não precisasse prescrever remédios, ingressando na residência de ultrassonografia geral (na cidade de Ribeirão Preto), decidindo deixar de ser ginecologista/obstetra, para atuar exclusivamente como ultrassonografista! Dessa forma, ele conseguiria ficar alheio a essa verdadeira “máfia” que atuava na venda e distribuição de remédios pelos representantes!
A decisão de atuar na área de diagnostico por imagem se mostrou bastante acertada, foi assim que ele descobriu sua vocação natural para a ultrassonografia geral! De tão apaixonado e envolvido com a especialidade de ultrassonografia, Renato decidiu dedicar-se exclusivamente a isso nos anos seguintes de sua vida, até hoje...
Após terminar a residência de ultrassonografia em 2007, voltou a morar em Salvador e depois recebeu uma proposta de mudança para Brasília (em 2012/2013), cidade onde vive com sua esposa e filhos até hoje! Ainda em Salvador, começou a perceber existirem associações entre médicos e clínicas de imagem, com o único intuito de aumentar os custos através da solicitação de exames inúteis e desnecessários; porém foi em Brasília onde viu que esses e outros tipos de esquemas funcionarem de forma mais escancarada e sistemática, e os médicos envolvidos não têm, sequer, pudor em admitir que participam deles! Até hoje ele trabalha com o intuito de coibir esse tipo de prática, a despeito das dificuldades encontradas e a grande resistência dos que mais lucram com este tipo de esquema; e escreveu esse livro para tentar ajudar pacientes e usuários dos planos de saúde privados a encontrar um caminho onde a assistência à saúde possa ser prestada de forma justa e honesta!
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