BREGA NO CONTEXTO MUSICAL
Brega é um termo que pode ser considerado novo e cuja palavra, de etmologia desconhecida, de acordo com os novos dicionários, o termo brega apareceu no Nordeste do País e designava “a zona”, o cabaré, local de prostituição e de orgias, onde a máscara da honradez humana é arrancada entre as pernas de prostitutas baratas.
As primeiras edições do Aurélio nem sequer citam a palavra brega, que se tornou representativa da música de baixa qualidade e popularesca ao extremo. Nos locais de prostituição barata, em qualquer rincão brasileiro, a música sempre era tocada nas famosas radiolas de ficha e o repertório era, na distante década de 60, Lindomar Castilho, Altemar Dutra, Waldick Soriano e mais uma gama enorme de cantores que militavam nesta área da música simplória, criada para fazer sucesso rápido e arrecadar muito dinheiro do povo inculto e admirador dessa música sem nenhuma qualidade.
Quanto pior melhor, já dizia o Rei do Brega, Marcondes Falcão, que sempre esteve à um passo da MPB. A música do brega era a fina flor das pocilgas onde o mulherio de vida fácil trepava ao embalo de bolerões de origem mexicana e sambas-canções nas vozes de Nelson Gonçalves, Núbia Lafayette e Ângela Maria, etc. Eu não sou cachorro não, a mais conhecida e decantada música do Rei dos Cabarés, o machão Waldick Soriano, foi apresentada por Flávio Cavalcanti, em seu programa polêmico. Waldick ficou famoso através de suas apresentações com seus óculos escuro, paletó e chapéus inconfundíveis.
Criticado e vilipendiado por muitos que se julgavam intelectuais, Flávio Cavalcanti, sem querer acabou dando visibilidade ao cantor e elevou a chamada música brega ao seu maior auge. A música do brega virou música brega e o termo passou a ser conhecido não somente para dar vivacidade e sentido a um tipo de música melosa, de interpretação derramada, geralmente em tom menor, relatando histórias tristes, traições amorosas, lamentações, queixas, mas também para tudo o que é considerado de extremo mal gosto, no vestuário, nas preferências, nas atitudes. E a denominação de música brega passou a estender seus tentáculos não apenas àquela tocada nos cabarés, mas a um enorme filão que inclui desde as canções românticas de Fábio Júnior ao forró eletrônico, passando pelos sertanejos e por boa parte da música produzida na Bahia, tudo alimentado pela mídia e pela televisão e o rádio, à custa de muito dinheiro e do famoso e criminoso jabá.
A música brega se tornou uma indústria tão milionária que acabou invadindo os recônditos da MPB, gerando regravações de clássicos de sua estirpe por grandes nomes da elite da MPB. Quando Fernando Collor assumiu o governo, naqueles fatídicos tempos em que o país foi chafurdado num chiqueiro de porcos ladrões do dinheiro público, o brega então tomou conta do rádio e do mundo, alavancado pela declarada preferência e admiração do presidente por artistas com produção musical de gosto duvidoso e nem os Estados Unidos escapou, quando o pagodeiro Alexandre Pires cantou na Casa Branca para George Bush. Sempre que indagados no que tange ao extremo mal gosto de suas obras, os artistas bregas saem pela tangente com a manjada desculpa esfarrapada de que gosto não se discute. Até concordo com a eloqüência de tais insanos, realmente, gosto não se discute: GOSTO SE INCUTE... Mas em todo segmento cultural e artístico sempre existirá o bom gosto e o mau gosto, assim como em todos os meios de convívio social, profissional e humano. O músico, cantor e inventor do pagode sertanejo, o mestre da viola Tião Carreiro dizia que só existiam dois tipos de música, música boa e música ruim.
Atualmente e não é coisa brasileira, os tentáculos desse monstro pré-histórico se estende por toda a extensão do globo terrestre, a música que toca hoje em nosso rádio, na televisão, nas escolas, nas festas, nos bares, nos lares, ruas e no sertão é de um mau gosto sem precedentes na historiografia da música popularesca, criada para estancar a angústia e amainar a servidão do povo inculto que nem se dá conta da escravidão em que vive, mal – feita, mal- acabada, para o consumo fácil e retorno financeiro alto e imediato.
A música brega reflete o gosto do povo, sem nenhuma sombra de dúvida, porque fala exatamente das e sobre as coisas pessoais de cada um de nós, mas também, e todos hão de convir comigo que, este padrão brega é imposto ao povo através de uma maciça programação nas emissoras de rádio e TV que não dá ao povo outra opção de escolha. É proibido pensar. A máquina pensa por todos, porque todos são manietados e seguem como escravos modernos, que acreditam ser livres e donos de seus destinos.
O baixo nível cultural, que também faz parte do grande esquema do poder, pois um povo inculto é manejado com maior facilidade e não contesta jamais, permite que não se ensine música nas escolas, o gosto musical, assim como o gosto literário e cultural, em todos os seus segmentos, termina sendo ditado e imposto pela mídia e pela indústria saprófaga e seus terroristas interesses comerciais. Quando o nível de estudo e cultural de uma pessoa é alavancado e incentivado, melhora o gosto musical e literário, pois, num país onde o maior escritor e o maior vendedor de livros chama-se Paulo Coelho, que também já foi compositor de música brega na década de 70, o que mais se pode esperar? Atualmente a música brega atingiu patamares de burrice e má qualidade nunca dantes esperados. Os nomes que fazem deste gênero a milionária indústria que é hoje, chega a dar asco, tamanha é a sua imbecilidade.
Número de páginas | 256 |
Edição | 1 (2013) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Português |
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