Há um momento anterior à palavra em que o silêncio já anuncia o poema. Um instante em que o olhar — hesitante, inquisidor ou rendido — se detém sobre o mundo não para dominá-lo, mas para deixar-se atravessar por ele. É esse instante que os poemas aqui reunidos buscam preservar: o daquilo que, espreitado pelo olhar, ainda não se fez discurso, ainda não se organizou em certeza, mas já pulsa como matéria viva de sentido.
"Tudo Aquilo Que o Olhar Espreita" não é uma coleção de temas — é antes uma travessia por camadas da experiência humana que, embora singulares, mantêm-se em tensão constante com o que é coletivo, histórico e espiritual. Não há aqui uma celebração da intimidade por si só, mas uma escavação contínua da interioridade enquanto espaço de reverberação do mundo. O corpo, o tempo, a fé, o medo, a beleza, a solidão, a memória, a matéria e o verbo — tudo comparece, mas de forma fragmentária, enviesada, como reflexo no vidro embaçado de uma janela antiga. O poeta não nos convida a contemplar a paisagem, mas o gesto do olhar que busca atravessá-la.
Essa travessia é também formalmente marcada pela numeração dos poemas, apresentados segundo os ordinais neutros latinos — Primum, Secundum, Tertium... até onde a obra se deixar contar. A escolha não é mero ornamento erudito. Há nesse gesto uma recusa ao título descritivo e uma afirmação de que cada poema é um fragmento de percurso, parte de uma sequência que não pretende concluir o mundo, mas apenas situar-se nele. Como quem enum
| ISBN | 9786501845647 |
| Número de páginas | 94 |
| Edição | 1 (2025) |
| Formato | A5 (148x210) |
| Acabamento | Brochura c/ orelha |
| Coloração | Colorido |
| Tipo de papel | Offset 90g |
| Idioma | Português |
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