Na minha terra tem um morro, que conhecemos como morro do alemão. Quando eu era bem pequeno, muitas eras atrás, coroinha na igreja, era para lá que meus olhos eram sugados durante as missas, porque era lá que eu desejava estar, mais perto das arvores, mais perto do céu, mais perto de Deus, mais perto dos anjos. Então, quando cresci só mais um pouquinho, eu consegui. Logo de manhã, nos finais de semana, minha mãe arrumava uma mochilinha com guaraná e pão com mortadela e, de carona em vento, formigas e lagartos eu subia o morro, e lá eu passava horas sem conta. Gostava de ficar de lá de cima olhando minha cidadezinha aninhada no vale e dela, bem devagar, sem pressa nenhuma, ir estendendo meus olhos, por florestas e morros sem conta, por ravinas e vales mágicos e misteriosos onde eu via estórias sobre estórias. E surgiam dragões e castelos, e fendas profundas onde monstros terríveis se escondiam, e vales escuros de onde surgiam dráculas e múmias, e paraísos ocultos onde anjos aguardavam os homens e... Ah, escrever para mim sempre foi um vício. Algumas vezes confesso que pensei em parar de escrever, por frustração, por acreditar que não escrevia bem, o que provavelmente é uma verdade, por não encontrar nenhum olhar que brilhasse quando lesse algo que eu havia escrito ou simplesmente, por não acreditar que com isso estivesse cumprindo meu destino ou melhorando nem que seja um pouco o mundo. Mas não conseguia. Derrotado e humilhado, mas feliz, logo estava com a caneta na mão, numa febre de escrever. Mas eu sei que há muito a dizer, antes que tudo se desfaça e se liberte, mas as palavras e as letras são poucas e atrapalhadas. Que a vida seja fértil e grandiosa, pois esse é o destino de todos nós.
Espero que os contos e romances te entretenham e façam dessa vida uma vida mais mágica.
Mikael Lenyer é o pseudonimo de Adalberto Alves de Almeida, nascido no sul das Minas Gerais, no alto da mantiqueira, para quem, desde os 8 anos de idade, escrever é um vício e uma necessidade, arraigados no sangue e na alma. Do mar de morros herdou os horizontes amplos, que traz e cultiva na alma, que espalha pelo que escreve.
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