Quitéria tinha apenas dez anos, mas já conhecia a fome como uma velha inimiga, sentia o peso da miséria em seus ombros frágeis e carregava no corpo as marcas da violência que dominava a pequena casa onde vivia. O sertão nordestino, com seu calor sufocante e sua terra ressequida, parecia sufocar qualquer esperança. Cada dia era uma batalha pela sobrevivência, um ciclo interminável de dor e desespero.
Ela sabia o que acontecia com as meninas como ela, aquelas que a miséria empurrava para as margens das estradas. As "Meninas da Estrada", como eram conhecidas, vendiam seus corpos por qualquer valor, tentando, de alguma forma, saciar a fome que as corroía por dentro. Para essas meninas, a inocência era o preço mais alto a ser pago pela necessidade de sobreviver. Quitéria não queria esse destino. Ela recusava-se a ser mais uma alma perdida naquele cenário de desolação.
Com o coração apertado, Quitéria tomou a decisão mais difícil de sua vida. Na calada da noite, roubou uma bicicleta e pedalou para longe. Não sabia para onde estava indo, mas sabia exatamente do que estava fugindo. Cada pedalada a afastava da fome, da violência, do destino cruel que parecia estar esperando por ela na próxima curva.
Número de páginas | 256 |
Edição | 1 (2024) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Estucado Mate 90g |
Idioma | Português |
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