Para contar essa história embarquei num túnel do tempo, onde relato todas a dificuldades e batalhas da vida por meio de Poesia ,uma história de Superação no qual a inspiração sempre foi a Persistência e o Amor .
Um menino que aos 16 anos larga os estudos para se aventurar em alto mar como Pescador e ajudar sua Família, e depois sofre com um problema de saúde, retoma os estudos e muda sua vida navegando na Educação.
Ao ler os poemas deste trabalhador do mar e da poesia, me encantei como se viajasse num pequeno barco de pesca, sentindo nas páginas, o gosto da carne tenra dos frutos do mar e da maresia exalando em cada poesia mesclada de paixão. Essa com sabor do sal, que goteja do mastro e cai fogosamente na pele encardida do próprio autor da biografia descrita em poesias. O livro é extraído do árduo trabalho que é labutar em alto-mar junto ao velho e cansado pai, no sustento daquela família abençoada pelos deuses e santos protetores. Arrancando das redes cheias de cardumes os poemas de sal!
Eu vejo o personagem de um pescador, como um missionário olhando o mar; suas redes e tarrafas pelo lado contrário do binóculo. Nesse ângulo, o pescador consegue vislumbrar naqueles artefatos e, no mar, um jardim encantado com Nossa Senhora dos Navegantes flutuando à sua frente. Os pescadores são uns sonhadores, uns visionários assim como os poetas. São espíritos peregrinos em suas missões, vistos até como vagabundos pela visão imediatista de seus contemporâneos. Mas, serão desses pescadores e poetas que a história vai se lembrar, e seus valores que se perpetuarão na memória das gerações futuras
A obra é feita de sal e sol, essa natureza exuberante que inspirou o autor Rodrigo Marvila a puxar de dentro da alma, como se puxasse das cordas do barco, os versos; composições de sua vida e da extensa luta travada entre os peixes arredios e os sonhos deste menino grande, que traz no coração a sensibilidade artista traçada nas entrelinhas do cotidiano. Ao ler a obra ‘Navegar eu precisei’, sentimos o quão é valorosa sua poesia que sobressaí das pupilas como um canto da sereia, e que a qualquer momento se completa e escreve a história de seu povo. Esse povo maratimba, que mora na colônia com sabor de camarão, e a coragem destemida daqueles homens encardidos em alto mar. Nas entrelinhas avistamos Rodrigo de vestuários surrados, arremessando as redes que, de tão pesadas, pressente que entre os peixes vêm também os sonhos e a poesia arrebatada num pulsar das ondas rebeldes.
Lançar mão da rotina de menino em terra para navegar na incumbência do sustento, é preciso ter coragem. Lançar mão de jogar no papel os poemas quase biográficos que conta sua trajetória, é preciso ter coragem. Ser artista e poeta é lançar-se com coragem na vida!
A poesia exala paixão desde o começo, no chão de areias toscas até o mar selvagem das madrugadas incertas e cheias de perigos. E, enquanto se ouve os ruídos das garças em alvoradas no ninho, bem ali às nossas margens, o barco pesqueiro segue adiante atravessando esse mundo de ilusões, e nos traz com a generosidade dos deuses, os encantos dos poemas desta obra poética e biográfica. Como a quilha quebrando com as punhaladas das ondas que, nas páginas deste livro, descobrimos Rodrigo e seus encantos trazidos do mar!
Que as garças rumem para o ninho no Porto da Barra, e nos deixem vislumbrar da obra que expressa de amor e luta o pescador de almas e de poesia!
O resquício da maresia aqui se sobrepõe, arqueando com valentia do mar na leitura sensível desta obra que, por si só, revela-se inacabada, pois o autor irá prosseguir o árduo caminho da poesia que pulsa tangente nas veias deste eterno aprendiz do mar.
Descubra-se nos versos de Rodrigo Marvila em ‘Navegar eu precisei’.
“De pescarias, assombros e cobras grandes, passa-se uma noite contando, e sobra assunto.”
Bárbara Pérez
Número de páginas | 153 |
Edição | 1 (2023) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Tipo de papel | Offset 90g |
Idioma | Português |
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