Este livro intitulado “Acalanto” é um presente maravilhoso de seu autor José Carlos Baltazar para a Literatura Brasileira contemporânea. As histórias retratam toda uma época tipicamente tradicional e mostram reminiscências da infância pobre e triste baseadas na vida real de seu autor-personagem. Entrelaçando as histórias que transitam entre o real e o imaginário, tem papel importante a figura do pai alfaiate, simples, cheio de idéias que quase nunca davam certo, assim como da mãe, humilde, conservadora e religiosa. Os irmãos participam, com todas as suas traquinagens, na trama infantil em foco. O autor demonstra claramente um sentimentalismo sem mágoas diante das tristezas vividas na infância. Não se percebem, durante a leitura, revoltas pelos fatos vividos, mas sentimos ao fundo um tom melancólico sob uma aceitação resignada. O autor rememora tempos com valores éticos e morais bem presentes nos seios familiares da época, foca o comportamento respeitoso, a submissão, a vida difícil que fazia a família fincar o pé só no presente, o futuro estava muito longe, e as necessidades eram imediatas.
“Acalanto” é um romance de tempo psicológico. As histórias vividas são relatadas ao pé de uma acolhedora jaqueira que a tudo ouve e guarda, assumindo papel de personagem importante. A ordem cronológica dos fatos não importa, a narrativa, toda ela se passa na mente de seu autor.
É uma obra de cunho fortemente autobiográfico e não retrata somente impressões de uma infância difícil, mas toda uma problemática relativa ao universo infantil vivida pelo autor, à época, comum na maioria das pessoas, de onde se pode concluir que é fácil a identificação de outras gerações com a história narrada no livro. José Carlos Baltazar serve-se de sua experiência pessoal para retratar os desalentos sofridos na infância com as bruscas mudanças da vida.
A narrativa penetra a alma no seu âmago. Como em Clarice Lispector, os fatos vão se desenrolando num dolorido sem ferimento, atingindo o ponto certo do sentimento verdadeiro que toca o íntimo. Como em José Mauro Vasconcelos, a trama e as peripécias da infância pobre prevalecem tocando fundo o coração do leitor, remetendo a um passado imbuído de dificuldades vivenciadas pelo autor, mas que pela sua amargura e docilidade trazem à tona lembranças importantes dos tempos idos e vividos.
“Acalanto” nos remete a um passado saudosista e terno. Como em Érico Veríssimo o tempo para, o vento sopra: “O tempo passou tão depressa! Será que na Eternidade venta?” E no doce “Acalanto” da infância perdida o tempo e o vento também pararam pra pensar...
Número de páginas | 214 |
Edição | 1 (2014) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Português |
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